sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

RECID PIAUI PRESENTE NO 1º ENCONTRO NACIONAL DE JUVENTUDES

Com o objetivo de, a partir das experiências de organização e formação das juventudes, consolidar uma leitura comum da conjuntura brasileira e apontar os seus principais desafios e ações rumo a construção do projeto popular, realizou-se, dos dias 31 de janeiro a 03 de fevereiro de 2013, no CIMI – Luziânia/GO, o I Encontro Nacional de Juventudes da Recid. Encontro este que constou com a participação de 04 jovens de cada estado brasileiro, mais convidados, assessorias, representantes do Coletivo Nacional da Recid e Coordenação do encontro que contava com um jovem de cada macrorregião brasileira.

A mística do encontro fez memória aos guerreiros e guerreiras que marcaram a caminhada jovem brasileira, principalmente no período da Ditadura como Frei Tito, Olga Benário, Edson Luís, Marighela, Aurora Maria, e a eterna Dandara de Palmares.

O Encontro figurou uma das características do nosso Projeto Popular para o Brasil que é o compromisso com as diferenças e diversidades pluriétnicas, enquanto construção e fortalecimento de novas relações humanas. Não se tratando apenas de tolerar e respeitar as diversidades, mas, de compreendê-las como necessárias em um processo de libertação e, portanto, vivenciá-las e garantir que existam.

 
No primeiro dia, estiveram presentes no Encontro alguns convidados representantes do Governo Federal (Secretaria-Geral da Presidência (SNAS/SNJ) e Secretaria de Direitos Humanos), tendo como cerimonialista, o Assessor Especial da Presidência, Selvino Heck, e depois, pelos convidados da Sociedade civil (Pastorais, Levante, Via Campesina, LGBT, Marcha Mundial Mulheres, Movimento Negro e indígena, UNE e Conselho Nacional de Juventude).

 Ainda no primeiro dia, foi trabalhada uma leitura da conjuntura, abordando a crise mundial e os contextos brasileiro e latinoamericano, com assessoria de Nei Zavaski (MST), que começa sua análise citando Eduardo Galeano no seu livro “A escola do mundo Avesso”: "O mundo ao avesso nos ensina a padecer a realidade ao invés de transformá-la, a esquecer o passado ao invés de escutá-lo e a aceitar o futuro ao invés de imaginá-lo: assim pratica o crime, assim o recomenda.
Em sua escola, escola do crime, são obrigatórias as aulas de impotência, amnésia e resignação."
(Eduardo Galeano, "De Pernas para o Ar”.)


Sob acessória de Renato Almeida (IPJ/SP) foi construída uma linha das lutas da juventude a partir da década de 60, abordando as mudanças históricas que impactaram diretamente a vida, não só dos jovens, mas de toda a sociedade brasileira. Observamos que as mudanças acontecem num determinado contexto e que, portanto, uma geração possui experiências diferentes em cada contexto/espaço. Então, o olhar que lançamos foi específico para o contexto onde cada uma destas juventudes estavam e estão inseridas, de 60 até nossos dias.

 Na virada do milênio, se vê a juventude num local nunca antes ocupado. Que o jovem tem direitos específicos. No que falamos quando falamos em direitos juvenis? Nesta última década foi possível perceber que os jovens podem e devem participar. Esse diálogo sobre as políticas possibilitou uma maior organização das juventudes. As formas como o jovem se relacionam hoje com o Estado são diferentes como eram antes. Será que essa relação é de cooptação? Que interesses estão envolvidos?”.

Para encontrar essas respostas, os jovens se apropriaram de algumas questões para debaterem em grupos organizados por macrorregiões. As questões eram: Quais os principais problemas e desafios estão apresentados para a realidade da juventude na sua região? Que lutas e bandeiras a juventude se envolve?

No debate fomentado enquanto Região Nordeste, foi pautado questionamentos por estado para que se compusesse o cenário da nossa região em relação aos problemas, desafios, limites e bandeiras da juventude.  Após as exposições dos estados, foi aberto uma roda de conversa, que foi para além dos elementos trazidos pelos estados. Dessa forma concluímos as seguintes bandeiras:

 
As bandeiras de lutas da juventude do Nordeste são:

Desafios: Maior acesso a Universidade pública (Pólos da UFS no sertão); Articulação dos movimentos da juventude com o fortalecimento do trabalho de base; Construir a participação política da Juventude (ida as ruas); Reafirmar a identidade com a classe trabalhadora na cultura, política e ideologia;

Lutas: Pela saúde pública, educação, cultura, lazer, etc; Agroecologia e convivência com o semiárido; Luta contra o agronegócio grandes projetos (irrigação, transporte de águas, barragens e integração das bacias hidrográficas); Luta contra as privatizações; Acesso a cultura como elemento de formação política-ideológica; Políticas públicas de juventude; Igualdade de raça, gênero, sexualidade; Luta estudantil, transporte, ecumenismo; Demarcação de terras indígenas e quilombolas.

Ainda em clima de encontro, a juventude reuniu-se á noite numa roda de conversa com os Movimentos sociais e juventude – raça, etnia, gênero e diversidade sexual (Marcha Mundial de Mulheres, Juventude Viva, Diversidade sexual e desafios da luta LGBT, Comunidades Tradicionais), o que nos proporcionou um rico momento de interlocução.

No terceiro dia, com a assessoria de Ronaldo Souza foi discutido sobre o que entende-se de Projeto Popular. De início, uma fala introdutória, e depois, a partir da divisão de grupos mistos, dialogou-se sobre o que temos feito e como se traduz em lutas concretas o projeto popular que empreendemos enquanto juventude. Em seguida foi abordado o tema Agitação e Propaganda, o que já seria uma introdução para o trabalho nas oficinas de Tradução de linguagens..

O ultimo dia, já com sabor de saudades, foi marcado pelo final do I Campeonato Nacional Recid Jovem e seguido da avaliação da galera, com mística de envio e leitura da Carta do nosso I Encontro das Juventudes.

 
A PARTICIPAÇÃO DO PIAUÍ


Os nossos Jovens do Piauí (Antonio Paulo, João Lucas, Maria da Cruz e Driele Vanessa), foram exemplos de participação e compromisso; pois assumiram as tarefas postas, desde a preparação no Estado com bastante seriedade.

 O Painel que a equipe levou expressava "O que as Juventudes do Piauí querem dizer para o mundo" e constava a seguinte frase: "Enquanto houver uma só pessoa faminta, oprimida, excluía, é preciso continuar lutando".(Che Guevara - Juventudes do Piauí. 

Vejamos a carta que eles/as com seus esforços construíram ainda no Encontro de Preparação em Pedro II:

 
Prezados educadores\as do Brasil e do mundo

A juventude esta em constante processo de transformação, nas ultimas décadas, nossa juventude vem lutando em marchas, gritos, levantes, movimentos sociais, e hoje podemos observar que muitos frutos estão sendo colhidos, muitas sementes estão sendo plantadas e ainda existem muitos campos a serem semeados, e é com esse pensamento que nós estamos aqui hoje  com o propósito de buscar novos horizontes ,e romper as barreiras que nos prendem,seguindo os passos daqueles que fizeram de sua vida uma busca incessante por um país mais justo e igualitário para todos.

Hoje o Piauí conta com uma juventude, guerreira, alegre, que chora mais também sorri, e que não tem medo de lutar, que usa a verdade como arma e tem em mente que é necessário irmos à luta “com a cara e a coragem”, e que busca desconstruir a idéia de que o jovem é o futuro, e sim mostrar que somos o presente, o hoje, o agora!No entanto muitos desafios são colocados para nós, como a falta de uma educação de qualidade, o difícil acesso a informação, a convivência com a fome, a seca, a ausência de políticas específicas voltadas para a juventude e acesso a terra o que ocasiona o êxodo rural.

A RECID Piauí tem desenvolvido várias ações junto à juventude quilombola, camponesa, estudantil, periférica; como por exemplo: acampamentos, cursos, romarias, oficinas, encontros, levantes, tendo como principais temáticas metodologias de educação popular, drogas, sexualidade, voto consciente, políticas publicas, entre outras. Nós do GT da juventude Piauí desenvolvemos um trabalho de acompanhamento de vários grupos dentre eles grupos de jovens, de mulheres, pastorais da juventude, grupos culturais etc. Assim estamos despertado em nós o desejo de seguir em frente, a força necessária para se erguer e mostrar que do mesmo chão seco e rachado sementes de paz e de esperança podem brotar.

Com tudo isso percebemos mudanças significativas na realidade em que vivemos, vemos uma geração de jovens que possuem opinião própria,diversificada ,que procura fazer parte da construção de uma nova história.


Ainda a título de informação, no trabalho feito por Macrorregiões a juventude Piauiense apresentou os seguintes DESAFIOS:

 
·         Rompimento com o mundo das drogas (pois tem crescido no meio urbano e rural);

·         Fim da violência contra os jovens (trânsito, drogas...)

·         Garantir políticas públicas específicas de jovens (trabalho e renda, educação, cultura e lazer)

·         Assegurar o jovem no campo diminuindo o êxodo rural, ou seja, desenvolver o campo, gerando trabalho, vida digna e moradia para as juventudes

·         Como transformar meios de comunicação (Tv, internet, celular...) a favor da vida da juventude...

 
 Conteúdo: Gilson Lucena (CE) e Antônio Carvalho (PI)

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