Com o objetivo de, a partir das experiências
de organização e formação das juventudes, consolidar uma leitura comum da
conjuntura brasileira e apontar os seus principais desafios e ações rumo a
construção do projeto popular, realizou-se, dos dias 31 de janeiro a 03 de
fevereiro de 2013, no CIMI – Luziânia/GO, o I Encontro Nacional de Juventudes
da Recid. Encontro este que constou com a participação de 04 jovens de cada
estado brasileiro, mais convidados, assessorias, representantes do Coletivo
Nacional da Recid e Coordenação do encontro que contava com um jovem de cada
macrorregião brasileira.
A mística do encontro fez memória aos
guerreiros e guerreiras que marcaram a caminhada jovem brasileira, principalmente
no período da Ditadura como Frei Tito, Olga Benário, Edson Luís, Marighela,
Aurora Maria, e a eterna Dandara de Palmares.
O Encontro figurou uma das características do
nosso Projeto Popular para o Brasil que é o compromisso com as diferenças e
diversidades pluriétnicas, enquanto construção e fortalecimento de novas
relações humanas. Não se tratando apenas de tolerar e respeitar as
diversidades, mas, de compreendê-las como necessárias em um processo de
libertação e, portanto, vivenciá-las e garantir que existam.
No primeiro dia, estiveram presentes no
Encontro alguns convidados representantes do Governo Federal (Secretaria-Geral da
Presidência (SNAS/SNJ) e Secretaria de Direitos Humanos), tendo como
cerimonialista, o Assessor Especial da Presidência, Selvino Heck, e depois,
pelos convidados da Sociedade civil (Pastorais, Levante, Via Campesina, LGBT,
Marcha Mundial Mulheres, Movimento Negro e indígena, UNE e Conselho Nacional de
Juventude).
Em sua escola, escola do crime, são obrigatórias as aulas de impotência, amnésia e resignação." (Eduardo Galeano, "De Pernas para o Ar”.)
Sob acessória de Renato Almeida (IPJ/SP) foi construída uma linha das lutas da juventude a partir da década de 60, abordando as mudanças históricas que impactaram diretamente a vida, não só dos jovens, mas de toda a sociedade brasileira. Observamos que as mudanças acontecem num determinado contexto e que, portanto, uma geração possui experiências diferentes em cada contexto/espaço. Então, o olhar que lançamos foi específico para o contexto onde cada uma destas juventudes estavam e estão inseridas, de 60 até nossos dias.
Para encontrar essas respostas, os jovens se
apropriaram de algumas questões para debaterem em grupos organizados por
macrorregiões. As questões eram: Quais os principais problemas e desafios estão
apresentados para a realidade da juventude na sua região? Que lutas e bandeiras
a juventude se envolve?
No debate fomentado enquanto Região Nordeste,
foi pautado questionamentos por estado para que se compusesse o cenário da
nossa região em relação aos problemas, desafios, limites e bandeiras da
juventude. Após as exposições dos
estados, foi aberto uma roda de conversa, que foi para além dos elementos
trazidos pelos estados. Dessa forma concluímos as seguintes bandeiras:
As bandeiras de lutas da juventude do
Nordeste são:
Desafios: Maior acesso a
Universidade pública (Pólos da UFS no sertão); Articulação dos movimentos da juventude
com o fortalecimento do trabalho de base; Construir a participação política da
Juventude (ida as ruas); Reafirmar a identidade com a classe trabalhadora na
cultura, política e ideologia;
Lutas: Pela saúde pública,
educação, cultura, lazer, etc; Agroecologia e convivência com o semiárido; Luta
contra o agronegócio grandes projetos (irrigação, transporte de águas,
barragens e integração das bacias hidrográficas); Luta contra as privatizações;
Acesso a cultura como elemento de formação política-ideológica; Políticas
públicas de juventude; Igualdade de raça, gênero, sexualidade; Luta estudantil,
transporte, ecumenismo; Demarcação de terras indígenas e quilombolas.
Ainda em clima de encontro, a juventude
reuniu-se á noite numa roda de conversa com os Movimentos sociais e juventude –
raça, etnia, gênero e diversidade sexual (Marcha Mundial de Mulheres, Juventude
Viva, Diversidade sexual e desafios da luta LGBT, Comunidades Tradicionais), o
que nos proporcionou um rico momento de interlocução.
No terceiro dia, com a assessoria de Ronaldo
Souza foi discutido sobre o que entende-se de Projeto Popular. De início, uma
fala introdutória, e depois, a partir da divisão de grupos mistos, dialogou-se
sobre o que temos feito e como se traduz em lutas concretas o projeto popular
que empreendemos enquanto juventude. Em seguida foi abordado o tema Agitação e
Propaganda, o que já seria uma introdução para o trabalho nas oficinas de
Tradução de linguagens..
O ultimo dia, já com sabor de saudades, foi
marcado pelo final do I Campeonato Nacional Recid Jovem e seguido da avaliação
da galera, com mística de envio e leitura da Carta do nosso I Encontro das
Juventudes.
Os nossos Jovens do Piauí (Antonio Paulo, João Lucas, Maria da Cruz e Driele Vanessa), foram exemplos de participação e compromisso; pois assumiram as tarefas postas, desde a preparação no Estado com bastante seriedade.
Vejamos a carta
que eles/as com seus esforços construíram ainda no Encontro de Preparação em
Pedro II:
A juventude esta em constante processo de
transformação, nas ultimas décadas, nossa juventude vem lutando em marchas,
gritos, levantes, movimentos sociais, e hoje podemos observar que muitos frutos
estão sendo colhidos, muitas sementes estão sendo plantadas e ainda existem
muitos campos a serem semeados, e é com esse pensamento que nós estamos aqui
hoje com o propósito de buscar novos horizontes ,e romper as
barreiras que nos prendem,seguindo os passos daqueles que fizeram de sua vida
uma busca incessante por um país mais justo e igualitário para todos.
Hoje o Piauí conta com uma juventude, guerreira,
alegre, que chora mais também sorri, e que não tem medo de lutar, que usa a
verdade como arma e tem em mente que é necessário irmos à luta “com a cara e a
coragem”, e que busca desconstruir a idéia de que o jovem é o futuro, e sim
mostrar que somos o presente, o hoje, o agora!No entanto muitos desafios são
colocados para nós, como a falta de uma educação de qualidade, o difícil acesso
a informação, a convivência com a fome, a seca, a ausência de políticas
específicas voltadas para a juventude e acesso a terra o que ocasiona o êxodo
rural.
A RECID Piauí tem desenvolvido várias ações junto à
juventude quilombola, camponesa, estudantil, periférica; como por exemplo:
acampamentos, cursos, romarias, oficinas, encontros, levantes, tendo como
principais temáticas metodologias de educação popular, drogas, sexualidade,
voto consciente, políticas publicas, entre outras. Nós do GT da juventude Piauí
desenvolvemos um trabalho de acompanhamento de vários grupos dentre eles grupos
de jovens, de mulheres, pastorais da juventude, grupos culturais etc. Assim
estamos despertado em nós o desejo de seguir em frente, a força necessária para
se erguer e mostrar que do mesmo chão seco e rachado sementes de paz e de
esperança podem brotar.
Com tudo isso percebemos mudanças significativas na
realidade em que vivemos, vemos uma geração de jovens que possuem opinião
própria,diversificada ,que procura fazer parte da construção de uma nova
história.
Ainda a título de
informação, no trabalho feito por Macrorregiões a juventude Piauiense
apresentou os seguintes DESAFIOS:
·
Rompimento com o mundo das drogas (pois tem
crescido no meio urbano e rural);
·
Fim da violência contra os jovens (trânsito,
drogas...)
·
Garantir políticas públicas específicas de jovens
(trabalho e renda, educação, cultura e lazer)
·
Assegurar o jovem no campo diminuindo o êxodo
rural, ou seja, desenvolver o campo, gerando trabalho, vida digna e moradia para
as juventudes
·
Como transformar meios de comunicação (Tv,
internet, celular...) a favor da vida da juventude...
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